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2023 | MÁTRIA

Reunimos em Mátria ELAS: vinte e três artistas de origens distintas desse vasto solo brasileiro, cada uma com sua construção identitária e de gênero, afirmando múltiplas formas de ser ELA. Tais aspectos anunciam uma diversidade favorável para compreensão curatorial dessa mostra que se apresenta como um manifesto feminista dialógico.

Exposição híbrida: virtual no site da Galeria Paralela e ocupação física no Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas, no Rio de Janeiro. O espaço empresta suas ruínas aos conceitos que precisamos extinguir enquanto sociedade, e proporciona como suporte expositivo suas colunas, vigas e vãos resilientes, para manifestar uma nova ordem que se contrapõe à realidade histórica, territorial e cultural que vivemos no Brasil.

Mátria é campo espiritual e intuitivo, abraça a natureza intrínseca à vida e evoca a arte para conduzir essa ação. É também miscigenação, terra natal e adotiva. Língua mãe, origem da origem com seus troncos e folhas que semeiam o ventre da terra fértil. Corpo laçado que não se curva apesar de aviltado, objetificado e animalizado. Matriz multiplicadora, que contém a memória ancestral e a latência de todas as possibilidades que estão por vir. Signo nacional curado, abençoado, talvez parido, mas de certo compartilhado. Transa têxtil transbordada, pincelada e recortada. Sobretudo, é livre, trans e infinita.

Com suas linguagens poéticas, a partir de uma perspectiva feminista, desconstruindo a visão normativa de pátria, o corpo de obras constrói uma geografia emocional que não se encerra no casarão em ruínas, mas continua com provocações reflexivas em cada um de nós, fincando assim uma nova bandeira em nossa Mátria.

Marina Ribas

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